Em uma eleição atípica, onde passar álcool nas mãos não será visto como gesto de desconfiança de quem o faz, em Caruaru são 6 (seis) candidaturas para prefeito e vice-prefeito e 462 (quatrocentos e sessenta e duas) para vereador, média de 20 candidatos a vereador por uma vaga. O que vimos até agora foi uma campanha fria.
O ciclo eleitoral aberto no dia 27 de setembro não trouxe, na primeira semana de campanha, a empolgação e entusiasmo típicos do processo eleitoral local, isso na vida real. A movimentação política ocorre de forma mais intensa nas redes sociais. A corrida eleitoral desdobra-se com fervor no mundo on-line com as mais diversas formas de manifestação.
Já a fenda aberta pela polarização Bolsonaro e Lula parece que ainda não chegou em Caruaru. Com exceção do candidato do PT, nenhuma outra candidatura majoritária mergulhou nas pautas e narrativas de esquerda e direita. Alguns poucos candidatos a vereador tentam veicular sua imagem aos dois líderes antagônicos da política nacional, mas ao que parece, Bolsonaro e Lula terão pouca ou quase nenhuma relevância no voto do caruaruense.
Outra grande dúvida acerca das influências externas na política local diz respeito ao governador Paulo Câmara, que mantém, há um bom tempo, um distanciamento social do pleito em Caruaru. O mesmo ocorre com a oposição ao governador, que, sem uma grande liderança oposicionista, ficará órfã de uma ajuda externa.
Em resumo, os políticos caruaruenses estão lançados a sua própria sorte, sem contar com auxílios externos que poderiam, em tese, dar um “upgrade”, ajudar nas suas candidaturas.
Não podemos esquecer o fator pandemia como determinante para que os atos de campanha ocorram de forma mais tímida e com certo receio. Nesse sentido, a Justiça Eleitoral possui o grande desafio de realizar eleições para manter a normalidade institucional democrática, na quarta maior democracia do mundo, em 5.570 municípios, com 147.918.48 eleitoras e eleitores, e ao mesmo tempo evitar que o processo eleitoral seja fonte de proliferação de contágio pelo coronavírus.
O primeiro desafio à Justiça Eleitoral cumpre com maestria, as eleições foram adiadas pensando em uma diminuição de casos, como de fato ocorre. Mas o segundo desafio, o de evitar aglomeração em atos de campanha, até agora, faz parecer que há uma falha e omissão da Justiça, pois o que vemos em outros municípios são aglomerações maciças. Em Caruaru, até a presente data, temos candidatos que se mostram comprometidos em não produzir grandes aglomerações.
A expectativa é que a campanha eleitoral ganhe forma com o início da propaganda eleitoral gratuita, que se inicia no próximo dia 09 de outubro, na TV e no Rádio, com horários fixos na grade das programações, e ainda com as chamadas inserções, ou seja, comerciais, de 30 segundos ou 1 minuto, onde, além dos candidatos à cadeira de prefeito, terão espaço os vereadores.
Esperamos que a democracia seja vivida, pois sem vida não existe democracia. Desse modo, a democracia deve viabilizar o respeito à vida em primeiro lugar.