No Brasil, de Janeiro até Agosto deste ano, foram contabilizados 75.336 focos de incêndios, uma alta de 85% comparado ao mesmo período do ano passado de acordo com o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A cada ano, 0,03% da área de florestas do mundo é destruída pelo fogo e, em cada dez casos, nove têm envolvimento humano. Os incêndios são essenciais para o processo de regeneração natural de muitas florestas, pois o fogo ajuda a eliminar folhas e madeiras mortas e as cinzas fornecem minerais necessários para o crescimento da vegetação. Estes nutrientes são absorvidos pelas raízes superficiais das plantas. No entanto, boa parte dos nutrientes perde-se para a atmosfera durante a queimada. O principal problema é o grande número de queimadas porque a natureza não tem tempo suficiente para a recuperação. Está impregnada na cultura popular a coivara – técnica que consiste em cortar e queimar toda a vegetação para preparar o terreno para o plantio -, processo no qual o fogo irá eliminar as pragas, e as cinzas, além de neutralizar o solo ácido, irá nutrir o solo com o aumento dos níveis de potássio, nutriente essencial para frutificação e floração das plantas.
São pequenas as vantagens que as queimadas podem proporcionar diante das consequências catastróficas para o meio ambiente, como a eliminação dos microorganismos que auxiliam no desenvolvimento das plantas, a retirada da umidade do solo, a liberação do gás carbônico que está armazenado nas plantas e, consequentemente, o aumento do aquecimento global, a aceleração do processo erosivo, a poluição do ar e das águas com as cinzas, a destruição do habitat natural de diversas espécies e a eliminação de plantas que são grandes filtros na qualidade do ar. Além disso, na fumaça da queima dos vegetais (biomassa) é produzida uma substância denominada reteno, um composto químico pertencente à classe dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), que inibe a multiplicação das células dos pulmões e, após 72h de exposição à fumaça, mais de 30% das células já estão mortas. Na triste estatística de focos de incêndios, temos a Floresta Amazônica em primeiro lugar, com 52,6%, em seguida, o Cerrado com 29,9%, a Mata Atlântica com 10,7% e os outros biomas com 6,8%.
O homem, em questão de horas, pode eliminar uma floresta que levou, no mínino, 200 a 300 anos para ser formada. A presença de vegetação é capaz de modificar diversas condições climáticas, tais como temperatura, umidade do ar, regime dos ventos, insolação etc. Meio hectare de árvores absorve 3,1 toneladas de dióxido de carbono (gás carbônico) por ano, ou seja, a quantidade de gás carbônico produzido por um carro que percorreu 16 mil Km. A Amazônia é de extrema importância, pois além de ser o maior climatizador do planeta é um grande produtor de chuvas; calcula-se que, 3,8 trilhões de metros cúbicos de água são exalados pela floresta por ano; 70% das chuvas de São Paulo são oriundas da Amazônia.
O Papa Francisco publicou em 18 de Junho de 2015, a encíclica Laudato si (louvado sejas), que fala da relação do ser humano com a natureza, tanto no combate ao desequilíbrio ambiental quanto na relação harmoniosa com a natureza. Um dos destaques é para São Francisco de Assis, santo padroeiro de todos que estudam e trabalham no campo da ecologia, amado por muitos que não são cristãos, pelo estilo de vida e defesa da natureza e dos mais pobres e abandonados. Precisamos ter consciência e sensibilidade em nossos atos para compreendermos que fazemos parte do meio ambiente, independente de sermos cristãos.
Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor.
Pitágoras