Em 2019 celebramos os 120 anos de nascimento de um grande amigo de Caruaru: Padre Zacarias Lino Tavares, que com dinamismo, sensibilidade e espírito empreendedor, contribuiu de forma decisiva com a religiosidade, a educação e a cultura da nossa cidade.
Nasceu a 13 de julho de 1899, na cidade portuguesa de Covilhã, distrito de Castelo Branco, numa tradicional família cristã e desde muito cedo demonstrou vocação religiosa, dedicando-se ao sacerdócio juntamente com quatro irmãos.
Em 1918 ingressou no Mosteiro de São Jerônimo da Ordem dos Jesuítas, na Espanha. Em seguida, cursou Filosofia e, como professor, visitou o Brasil pela primeira vez, sendo estagiário na Bahia e de lá partiu para a Bélgica, onde cursou Teologia e foi ordenado, em 1931.
Da Bélgica, retornou a Portugal. Em 1933, voltou à Bahia, sendo transferido para o Recife em 1936, onde atuou como religioso e educador no Colégio Nóbrega. Em 1949, atendendo ao pedido de Dom Paulo Hipólito de Souza Libório, transferiu-se para Caruaru, onde organizou a recepção ao nosso primeiro bispo, de quem foi auxiliar direto.
Foi nomeado cura da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, dando novo ânimo aos fiéis com notável trabalho em diversos segmentos. Ao padre Zacarias é atribuída a influência na aquisição do Colégio de Caruaru (atual Diocesano) para a Diocese, onde foi professor. Foi fundamental na fundação da Fafica, tendo sido seu primeiro diretor.
Sensível à cultura, junto aos irmãos Condé, viabilizou a ida do Mestre Vitalino ao Rio de Janeiro, em 1960, um marco na carreira do famoso ceramista. Também aqui organizou o Jornal “A Defesa”, semanário da Diocese e foi o principal colaborador das festividades do 1º Centenário de Caruaru.
Educador e filantropo nato idealizou e deu início à construção da “Casa da Criança”, (o Berçário), obra que não chegou a ver concluída.
Durante uma viagem ao Rio de Janeiro objetivando angariar recursos e berços para a Casa da Criança, lá faleceu, a 25 de agosto de 1963, vítima de um ataque cardíaco, na igreja de São João Batista, quando se preparava para celebrar missa.
Em reconhecimento a sua inestimável contribuição à Caruaru, o Governo Municipal (gestão Anastácio Rodrigues) fez construir, em 1969, um mausoléu no Cemitério Dom Bosco para abrigar os seus restos mortais.
Fonte: Jornal Vanguarda (11 a 17.07.2009), texto de Fernandino Neto.