O Jornal de Letras foi fundado em julho de 1949 pelos irmãos caruaruenses João, José e Elysio Condé e até hoje é considerado um marco na história das letras e das artes brasileiras, tendo circulado sem interrupções durante 43 anos e conquistado o título de “o mais longevo órgão de divulgação literária a circular no Brasil e no exterior”.
Publicação mensal, com uma tiragem de aproximadamente 30 mil exemplares, e, como explícito em seu título, tratava prioritariamente de literatura, com crônicas, poemas, resenhas e críticas e as novidades do mercado editorial, trazia em suas páginas um conteúdo diversificado que contemplava também música, artes plásticas, cinema, teatro e TV, oferecendo um rico panorama cultural brasileiro e também internacional.
Como sabemos, os irmãos Condé conquistaram grande prestígio por sua intensa militância no meio literário e jornalístico e podemos confirmar em parte essa afirmação ao constatarmos que alguns dos nomes mais expressivos da nossa intelectualidade fizeram parte do Conselho Editorial da publicação: Carlos Drummond de Andrade, Álvaro Lins, José Lins do Rego, Manuel Bandeira, dentre outros.
Contava ainda com inúmeros colaboradores de renome nacional e internacional nas mais diversas áreas do conhecimento como Di Cavalcanti, Gilberto Freyre, Otto Maria Carpeaux, Ledo Ivo, Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda e outros.
Elysio Condé, médico e escritor, aquele que mais lutou pela permanência do periódico, mantendo-o em atividade até a data do seu falecimento, enfrentando inúmeras dificuldades financeiras e, por vezes, patrocinando a sua publicação, já que praticamente inexistiam publicidades, deixou registrado alguns dados que referendam a importância do Jornal: era enviado a cerca de três mil bibliotecas brasileiras, dezenas de universidades, conselhos culturais e remetido a outros países através dos consulados e embaixadas, além de uma maciça presença em bancas de jornais nas capitais e no interior.
Segundo o jornalista Celso Rodrigues, o filósofo, ensaísta, ficcionista e dramaturgo francês Jean-Paul Sartre fez um elogio histórico: de que se tratava de “uma iniciativa cultural que fazia bem ao resto do mundo”.