Por Hortênsia Nunes B. de Oliveira*
Nessas últimas semanas fomos surpreendidos pelo uso incessante do termo, ou melhor, pela gíria cringe. Você está se perguntando “o que é cringe?”, saiba: essa pergunta por si só já te coloca, quase que automaticamente, como uma pessoa cringe. A palavra é um verbo de origem inglesa que significa, em tese, vergonhoso(a). Mas podemos afirmar que tal expressão vem sendo utilizada como um adjetivo.
Aqueles nascidos entre 1995-2010 (geração Z) resolveram pontuar atitudes ou até gostos daqueles nascidos entre 1980-1995 (Geração Y) que seriam vergonhosos. Desta forma, aqueles com visões, situações e opiniões destoantes da geração Z, ou tidas como vergonhosa ou inadequadas por ela, são cringe. Assim, ao receber como “adjetivo” o termo cringe, saiba que você está sendo classificado como inadequado, um mico, cafona, entre outras qualificações similares.
Já o outro tema exposto no nosso título é o juridiquês bastante conhecido no nosso dia a dia. Este termo é utilizado para identificar as expressões e jargões particulares do mundo jurídico, as quais, data máxima vênia, geralmente possuem uma difícil compreensão já que podem inclusive utilizar termos em latim.
Mas, então: O juridiquês é ou não cringe?
A meu ver, posso dizer que depende. Sim, o juridiquês pode ser ou não cringe, dependendo de sua utilização. É a mesma situação: posso utilizar a roupa de banho na igreja? Poder até posso, mas não será bem-visto. Entretanto, utilizando-a em praias ou piscinas nada será questionado. Com o juridiquês é da mesma forma, se eu o utilizar no ambiente jurídico e de forma apropriada, o uso não estará sendo inadequado.
Entretanto, se eu o utilizo de forma exagerada – mesmo que no mundo jurídico –ou ainda, em ambientes nos quais existe uma busca da transmissão dos conhecimentos para pessoas que não atuam em tal seara, certamente estará sendo cringe.
Muitas vezes tais jargões atrapalham bastante a comunicação, pois possuem difícil compreensão e entendimento, até para os juristas. Por isso deve ser empregado em contextos apropriados. Quando utilizado de forma indevida os termos jurídicos podem fazer com que o ouvinte ou leitor não entendam a mensagem que se almeja passar, tendo em vista que são expressões específicas de uma área. Assim, deve ser buscado o entendimento por quem se quer ser atingido, evitando nesse contexto ser inadequado, ou melhor, cringe.
*Hortênsia Nunes Braz de Oliveira (hnunesboliveira@gmail.com) é advogada, Pós-Graduada em Direito Processual Civil e Direito Tributário e Membro da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico- OAB/Caruaru