Em 2003, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro e o Museu da República promoveram o “tombamento” da cantora Carmen Costa, num ato simbólico que visava incentivar o hoje finado Ministério da Cultura a efetivar o “tombamento” de pessoas com notório saber e excelência na prestação de serviços à cultura brasileira. Os agraciados com a escolha passariam a contar com um apoio financeiro vitalício e se comprometeriam a transmitir seus conhecimentos como forma de garantir a perpetuação da cultura e seu acesso pelas gerações futuras.
Na ocasião, a grande cantora compôs uma música intitulada “Tombamento”, que cantou para o então ministro da Cultura Gilberto Gil:
Eu sou a raça, sou mistura,
Sou aquela criatura
Que o tempo vai tombar.
Sei que não serei a derradeira,
Mas quero ser a primeira
Para a História conservar.
Tombaram o Parque Ary Barroso,
Pão de Açúcar e o Paço Imperial,
A Rua da Carioca
E também o Teatro Municipal.
Senhor Ministro da Cultura,
Porque não se tomba uma criatura
Quando é Patrimônio Nacional.
No entanto, a iniciativa pioneira no Brasil foi do Governo de Pernambuco, que instituiu em 2002, a Lei do Registro do Patrimônio Vivo (efetivada em 2005/2006) com a escolha dos 12 primeiros representantes da cultura popular e tradicional do Estado.
Outros estados e cidades também seguiram o exemplo e, aqui em Caruaru, encerramos 2019 com a excelente notícia da escolha dos nossos cinco primeiros Patrimônios Vivos: Cantor Azulão; grupo boi Tira-Teima; instrumentista João do Pife; ceramista Luiz Antônio e o ator Sebastião Alves (Sebá).
Nossos parabéns aos contemplados e que a iniciativa seja de fato um instrumento de cidadania, de fomento e de preservação dos saberes relacionados ao nosso rico Patrimônio Cultural.