O Brasil enfrenta hoje verdadeira pandemia de problemas mentais com impacto direto na vida dos trabalhadores e nos resultados das empresas. De acordo com os Dados do Ministério da Previdência Social, em 2024, foram registrados quase meio milhão de afastamentos por questões de saúde mental, o maior número em pelo menos dez anos.
O levantamento mostra que, entre os 3,5 milhões de pedidos de licença ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2024, 472 mil foram motivados por transtornos mentais, contra 283 mil no ano anterior, um crescimento de 68% e um marco histórico na última década. O impacto também é econômico. Segundo o The Wall Street Journal, os transtornos psicológicos já representam cerca de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade em todo o mundo.
Para a psicóloga da Vide Saúde Mental, empresa de consultoria de RH, Andreia Viturino, a pauta deve ser tratada como prioridade estratégica. “Empresas que cuidam da saúde mental passam mais confiança e se tornam mais atrativas para os profissionais. Colaboradores que se sentem acolhidos desenvolvem maior lealdade à organização. Além disso, no Brasil, os transtornos mentais estão entre as principais causas de afastamento pelo INSS. Ou seja, investir em saúde mental é também reduzir custos com licenças e rotatividade”, destaca a especialista.
A relevância do tema se intensifica ainda mais em 2025 com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que estabelece novas diretrizes para segurança e saúde no trabalho (SST). A norma amplia o olhar das empresas, tornando obrigatória a prevenção de riscos psicossociais e a promoção de ambientes laborais mais saudáveis, com início da vigência em maio de 2025.
Andreia Viturino ainda ressalta que os gestores precisam estar atentos aos sinais de sofrimento nos membros da equipe, como mudanças bruscas de comportamento, e encaminhar para apoio adequado quando necessário. “Mais do que nunca, liderar é cuidar de pessoas. E empresas que entendem isso fortalecem tanto a saúde de seus colaboradores quanto a sustentabilidade do próprio negócio” , finaliza.