ARTIGO: A ESCOLA DO “BOLSONARISMO” FORMOU SEU MELHOR “ALUNO”
Nem sempre o novo representa um avanço ou uma melhora. A novidade pode ser a expressão do atraso, do retrocesso, construído por um regaste idealizado de um passado, que só deveria ficar nas páginas da história e servir de aprendizado, para que os erros não fossem repetidos.
O movimento político denominado “bolsonarismo” idealiza um passado em que o regime militar representava um país onde as coisas funcionavam e a vida era melhor. Esse movimento, que tem raízes autoritárias e um método próprio de fazer política, se exterioriza na virulência das palavras e na desqualificação dos adversários políticos, que são chamando de “moleques”, “marginal da lei”, “mau caráter”, e tem, no Deputado Daniel Silveira, o “aluno” mais fiel e mais aplicado.
Bolsonaro fez escola e formou um ótimo seguidor de sua cartilha, o Deputado Daniel Silveira, que, em um ato transloucado chamou o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, de a “nata da bosta do STF”, qualificando ainda o Ministro de “idiotizado” e “lobotomizado”. É como se a vida fosse um jogo de reality show, onde um joga contra o outro. Seguindo a cartilha do professor Bolsonaro, o Deputado, a fim de acirrar os ânimos entre o Supremo e os Militares, diz que o Ministro do STF “atacava os militares junto com a Dilma”, a quem ele chama de ladra e vagabunda. Seguindo o caminho que a nova política tomou, o Deputado Daniel Silveira, imagina os “integrantes dessa corte… na rua levando uma surra”. Para não ser desagradável com o leitor, evitaremos a transcrição de outros trechos desprezíveis da fala do Deputado, que dão uma dimensão da forma tosca e criminosa de se fazer a nova política no Brasil.
Uma pergunta importante se impõe: qual a motivação de um ataque fruto de uma diarreia verbal, tão vil, vomitativa e ignóbil? Só existe uma resposta: o “aluno” aplicado queria agradar o professor. Foi o que a jornalista Juliana Dal Piva, em reportagem publicada no Uol em 17 de fevereiro, afirmou quanto ao vídeo gravado pelo Deputado Daniel Silveira (tinha a intenção de impressionar o Presidente Jair Bolsonaro). Segundo informações da jornalista, o Deputado não andava bem com o Presidente, e queria dar uma “prova de fidelidade”.
As consequências do vídeo se desdobraram no campo político e jurídico. O Supremo, por maioria de votos, convalidou a decisão do Ministro Alexandre de Moraes, que determinou a prisão do Deputado, da qual nos discordamos.
Já no campo político, dois poderes da República, o Judiciário e o Legislativo, esse último, por meio da maioria mais do que qualificada de seus membros, 364 votos, disse NÃO às ideias de DITATURA, e sufocou qualquer possibilidade de que o eco autoritário ganhe mais vozes.
E o “professor”? Esse ficou em silêncio. Com certeza aprovou o “aluno”, e só não pode divulgar a nota.