Eles já reinaram absolutos no alto do Monte Bom Jesus estremecendo as pedras com tiros ensurdecedores, anunciando junho a todos os caruaruenses. Bravos guerreiros que ajudaram a moldar a identidade cultural dessa terra e que merecem todo o nosso respeito. Saudando, in memoriam, o Capitão Eliel Azevedo, o Major Emídio do Ouro e o Mestre Cassimiro Pedro, com os quais convivi.
Sobre o Major Emídio do Ouro – Foi comandante do célebre “Batalhão 333”, fundado em 1857, em Caruaru. Nasceu no município de Bonito, em 17 de abril de 1905, vindo residir em Caruaru no ano de 1927. Aqui se estabeleceu como ourives e comerciante de joias, antiguidades e bacamartes, tendo possuído banca em lugar de destaque na Feira de Caruaru.
Iniciou suas atividades como bacamarteiro aos 17 anos e era um apaixonado por Caruaru e suas tradições. Era torcedor do Central Sport Club e colaborou na construção do estádio do time de coração.Foi durante anos, “comandante em chefe” dos bacamarteiros de Caruaru, quando chegou a coordenar mais de 50 batalhões e cerca de 800 atiradores, no ano de 1967, como revelou em depoimento ao escritor Olímpio Bonald Neto. Essa função foi iniciada a partir de 1954, quando substituiu o capitão Eliel Alves de Azevedo.
Possuía forte personalidade, mantendo os atiradores sob seu comando com rígida disciplina e hierarquia, tendo recebido das autoridades militares locais, em 1960, a patente de Major e autorização em caráter excepcional, para transportar o salitre do Chile.
Faleceu em Caruaru no dia 20 de abril de 1980, aos 85 anos.Um viva também ao escritor Olímpio Bonald Neto, que no seu antológico livro “Bacamarte, pólvora e povo”, registrou a importância dessas figuras para o nosso universo cultural.