Com um começo tímido, imposto pelos percalços da pandemia, o ciclo eleitoral chega ao fim com a escolha soberana e democrática do povo de Caruaru, que foi às urnas e elegeu seus representantes. Essa eleição pode ser considerada a grande batalha de nossa época, pois vários fatores foram envolvidos e mudarão, sem sombra de dúvida, a forma de se fazer política em nossa cidade.
A vitória expressiva da Prefeita Raquel Lyra representa a consolidação do seu nome como uma liderança política inconteste para os próximos anos. Antes, a Prefeita eleita carregava o peso e a sombra de seu sobrenome, agora transformar-se, com a vitória de 66,86% dos votos válidos, em uma política com identidade própria, com sua forma de fazer política, atenta à internet e às redes sociais, e, com uma administração bem avaliada, o resultado não poderia ter sido outro, uma vitória eloquente. A diferença de mais de 80 mil votos pra o segundo colocando coroa a liderança inconteste da Prefeita Raquel Lyra.
A estratégia adotada pela Prefeita eleita, de não participar de debates e algumas sabatinas promovidas pela impressa, representa um fenômeno que veio para ficar, ou seja, a mídia mais importante no processo político são as redes sociais. A impressa tradicional precisa se reinventar para ter novamente o protagonismo do processo eleitoral e não perder espaço para as redes sociais. Nas redes sociais a mensagem chega diretamente ao eleitor, sem intermediário, na forma e modo em que os candidatos almejam, com interação, e análise de dados para fins de pesquisas, com os chamados metadados (perfil dos usuários em rede sociais, interação, engajamento, curtidas ou não etc…).
Algumas surpresas foram reveladas com o abrir das urnas, a exemplo do desempenho do candidato Raffier, que obteve votação que o habilitou a alçar novos horizontes, ficando à frente de Marcelo Gomes, que, por sua vez, mesmo com a estrutura do Governo do Estado e o apoio de dois grupos políticos importantes (Tony e Zé), não obteve desempenho satisfatório. Passou da hora de o Governo do Estado reformular sua forma de fazer política em Caruaru, o que pode ter afetado diretamente a figura do bom político Marcelo Gomes.
Marcelo Rodrigues do PT tentou nacionalizar a política municipal e obteve votação sofrível, incompatível com o tamanho e história do PT.
O delegado Lessa, na segunda posição, não empolgou e não conseguiu levar a eleição para o segundo turno. Os 32 mil votos do candidato Lessa são um recado importante para o fato de que Caruaru não se afinou com tão apregoada mudança, sem uma transição dialogada com o seu passado.
É momento também de refletir acerca das escolhas feitas para a Casa José Carlos Florêncio, que teve uma renovação de mais de 65% dos Vereadores. Conforme havíamos previsto, temos a Câmara mais feminina da história, com 4 cadeiras ocupadas por vereadoras. Apesar de pequeno, o número é fato histórico a ser comemorado.
Outra previsão que havíamos feito diz respeito aos novos vereadores, pessoas jovens abaixo dos 40 anos, mostrando que a força e o engajamento das redes sociais é fator decisivo para vitória na eleição, bem como acertamos quando colocamos em artigo anterior que um ou dois nomes dos que já foram políticos voltariam. A previsão se consolidou e dois ex-vereadores voltarão a ocupar respectivas cadeireiras.
Não se pode desconhecer o fator desmobilizante e até paralisante que a pandemia provocou no processo eleitoral de 2020. O número de abstenção de 17% do total de votantes é um retrato dos efeitos pandêmicos no processo político eleitoral.
Parte da velha guarda da política sentiu o quanto é difícil conciliar o virtual com o real e, desse modo, com a junção dos fatores pandemia, suspensão dos atos de campanha presencial, sentimento de mudança e campanha digital foram determinantes para saída de alguns medalhões de nossa política, no que diz respeito ao parlamento municipal.
Em nível nacional o pêndulo do poder começa a se deslocar para o centro, rejeitando o radicalismo. Bolsonaro e a Esquerda foram os maiores derrotados. Todos os candidatos que usaram o nome do atual chefe do Executivo (Bolsonaro) nas urnas não tiveram o sucesso que esperavam nas eleições municipais de 2020. Já a esquerda a centro esquerda teve o pior desempenho da história tendo como marco a ascensão de Lula ao poder em 2002, com queda de (-14,02%) do número de vereadores e (-33,83%) do número de prefeituras.
Apesar da demora na divulgação dos resultados, podemos confiar na Justiça Eleitoral, que conduziu processo político com integridade e confiabilidade, revigorando a nossa democracia em tempos de pandemia.
Parabéns aos eleitos, e que cumpram a frase de Abraham Lincoln: “A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.”