Liberação e classificação dos agrotóxicos
O Governo Federal, até o momento, já liberou a comercialização de 262 tipos de agrotóxicos; alguns desses são proibidos em vários países. Uma das causas para a liberação é que com a grande oferta de agrotóxicos, o custo desses produtos tende a baixar, consequentemente o agricultor aumentará sua produção. A liberação de um agrotóxico é avaliada em três instâncias: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – que avalia os riscos de saúde -, o Ministério da Agricultura – que avalia os critérios agronômicos – e o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – que avalia os impactos ambientais, além de uma consulta pública. Temos atualmente 2.201 tipos diferentes de agrotóxicos no mercado e, em 2017, foram utilizados 540 mil toneladas de defensivos.
A classificação era em quatro categorias: extremamente tóxico, altamente tóxico, moderadamente tóxico e pouco tóxico. De acordo com a nova classificação, a Anvisa vai adotar o sistema indicado pela ONU, o formato GHS (sigla traduzida do inglês Classificação Harmonizada Global), que tem base em estudos de mortalidade e toxicidade aguda, ou seja, nos casos em que o contato traz risco de morte ou outros danos imediatos à saúde. De acordo com esses critérios a nova classificação será: extremamente tóxico, com a cor vermelha, altamente tóxico, com a cor vermelha, moderadamente tóxico com cor amarela, pouco tóxico com a cor azul, improvável causador de dano agudo de cor azul e não classificado com a cor verde. Com essas novas medidas, a preocupação com os riscos para a população e para o meio ambiente aumenta. Um dos grandes problemas que já estamos visualizando de imediato, é a mortandade das abelhas. Em alguns lugares, chega a 90% o extermínio destes insetos.
Um outro problema é a contaminação do lençol freático, dos rios, dos mares e do solo. As substâncias tóxicas dos defensivos agrícolas vão se acumulando nos níveis tróficos – fenômeno denominado magnificação trófica ou bioacumulação – e, por sua vez, chegará em nossa mesa, trazendo vários problemas de saúde para a população, como: dores de cabeça, vômitos, dermatites, problemas respiratórios, problemas neurológicos, problemas renais e até câncer. Com essa mudança na classificação, os produtos extremamente tóxicos passaram a serem classificados como produtos menos tóxicos. Temos conhecimento e tecnologia suficientes para a solução desse problema, como, por exemplo: consumir alimentos orgânicos, consumir frutas da estação, estimular hortas nas casas e fazer uso do controle biológico – consiste na utilização de um ser vivo no combate de pragas, por exemplo: utilizar a joaninha que na traz nenhum prejuízo para a lavoura no combate de lagartas para evitar o uso de defensivos. Esta preocupação da humanidade com os efeitos dos agrotóxicos não é de hoje: em 1962, no livro “Primavera silenciosa”, Rachel Carson fazia referência ao silêncio dos pássaros mortos devido à contaminação dos agrotóxicos
organoclorados. Esta obra foi um marco para o movimento ambientalista internacional, por combater o uso de defensivos químicos. Precisamos, pois, pensar na qualidade de vida e no meio ambiente de forma sustentável.
O clima do planeta
De acordo com os cientistas de clima do CrowtherLab, grupo de pesquisa da ETH Zurich, se a temperatura média do planeta aumentar mais 0,5°C, teremos secas severas e chuvas intensas. As regiões mais pobres já enfrentaram esses problemas de forma catastrófica. Atualmente estamos passando por situações atípicas, ao passo que nossa cidade com frio intenso e chuvas acima do esperado para o período, a Europa marca temperaturas de até 45º C. Precisamos adotar medidas urgentes para a mudança deste cenário, começando com o consumo consciente, a recuperação de áreas degradadas e o combate de forma eficiente às queimadas. Medidas simples para minimizar as alterações climáticas em nosso planeta.
Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais.
Victor Hugo – poeta
Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar; vale a pena ter nascido.
Fernando Pessoa – poeta