A história de um povo é construída com muitas mãos, de várias formas e com ferramentas distintas. O caboclo NELSON BARBALHO fez da sua impressionante obra, uma das principais referências da nossa identidade cultural. É fonte primária e obrigatória, nome mais celebrado entre os que lidam com pesquisa histórica.
Sua colaboração para a formação da memória afetiva caruaruense é indiscutível. Com sua própria metodologia de pesquisa trouxe a lume documentos, depoimentos e registros indispensáveis à compreensão desse grande quebra-cabeça que é o nosso passado.
Em 1931, o escritor baiano Jorge Amado faz sua estreia como romancista quando lança “O País do Carnaval” que traz um retrato crítico e investigativo da imagem festiva e contraditória do Brasil, na ótica do personagem Paulo Rigger, um brasileiro filho de um rico produtor de cacau que retorna ao Brasil após sete anos como estudante em Paris e que não se identifica mais com o seu país, mantendo a partir dai, uma relação de estranhamento com o Brasil do Carnaval, crendo que a festa popular mantém o povo alienado. Considerado subversivo, “País do Carnaval” foi queimado em praça pública em Salvador pela polícia do Estado Novo.
O título do livro serviu de inspiração a Nelson Barbalho quando, em 1974, lançou seu sexto livro, chamado “PAÍS DE CARUARU” que, pela singularidade do título, tornou-se um cognome da cidade e um dos livros mais lembrados pelos seus conterrâneos, que aborda em profundidade os aspectos da historiografia tradicional, e também memórias de personagens populares que povoaram as nossas ruas.
Diferentemente do personagem de Jorge Amado, Nelson barbalho homenageou sua terra natal, com a mais profunda demonstração do amor telúrico e cunhou essa expressão de forma perene na memória coletiva dos seus conterrâneos, sendo hoje a mais lembrada dentre todas as que se incorporaram, como cognomes, à História da mais importante cidade do interior pernambucano.