Por sua neta, Hortênsia Nunes B. de Oliveira
Ao passar pela calçada da Manoel de Freitas certamente você avistaria uma senhora elegante, vaidosa, com unhas pintadas – de branco principalmente-, roupa sempre alinhada, cabelos bem penteados e presos. Ficava na frente da casa, fosse na cadeira de entrada, envolta por seu jardim, ou encostada no portão. Estava sempre aguardando uma visita que certamente iria chegar.
A casa vivia cheia, um verdadeiro entra e sai de gente que vinha de todo lugar. Gente que vinha da feira, que ia para casa, que chegava para um almoço ou até agendava um jantar arrumando qualquer motivo só para estar lá. Não esquecendo daqueles agregados, mais chegados, que chegavam para morar. Estranho era a época que não tinha nenhuma “visita” que procurava a casa para se instalar, eram amigos dos amigos, amigos dos filhos, filhos dos amigos, sempre havia alguém mais que só fazia somar. Dona Lygia recebia a todos com tanta graça que só sua recepção era motivo para passar por lá.
Dona Lygia era isso, ela adorava receber quem quer que fosse, não fazia distinções. Ela queria todos ao redor da mesa, que na maioria das vezes nem comportava a todos – e olhe que a mesa era grande- ela queria todo mundo bem, todo mundo satisfeito e principalmente saciado (risos). Ao passar pela porta de sua casa logo vinha a pergunta: você quer alguma coisa? Aqui tem suspiro, aqui tem bolacha, tem um cafezinho. O pior é que tinha de um tudo e se você saísse de lá sem ter comido nada, ela ia ficar pelo menos preocupada.
Maria Lygia Souza Santos nasceu em 17 de maio de 1921, no município de Bezerros, era filha de Pedro Galdino e Adelaide Emília de Figueiredo. Casou-se às escondidas – não às pressas – com José Carlos de Oliveira, quando então passou a ser apenas, Maria Lygia de Oliveira. Além de ser minha avó, era minha madrinha. Presto essa pequena homenagem, pois hoje ela completaria, se viva, 100 anos.