Os gregos acreditavas que as doenças eram enviadas pelo deus Apolo em retaliação à raça humana. A cura ficava a cargo do seu filho Asclépio. O culto a esse último deus iniciou-se no século VI a.C., e permaneceu por mais de mil anos com a construção de templos. No altar, a sua figura era representada com as mãos em bastão enrolado com uma serpente.
O deus grego Asclépio tinha duas filhas: Higeia, responsável pela conservação e preservação da saúde dos doentes e a outra filha Panaceia, responsável pelas substâncias para a cura da doença. Foi desta forma que surgiram as expressões “higienização” e “todo remédio”, respectivamente. A origem da palavra “epidemia” também é do grego “epidemos”, empregado em referência aos indivíduos que não moravam nas cidades, mas que simplesmente permaneciam algum tempo e depois partiam. Os habitantes fixos, por sua vez, eram endemos, que originou a palavra endemia.
As epidemias, endemias e pandemias, sempre estiveram presente na história da humanidade, elas são zoonoses – doenças provenientes dos animais -, que estão cada vez mais frequentes por causa da nossa relação desarmoniosa com a natureza.
Uma das piores pandemias foi a da peste negra do século XIV, que dizimou um terço da população europeia, cidades entraram em quarentena. Transmitida pela picada da pulga infectada pela bactéria Yersinia pestis, encontradas nos ratos, as pulgas abandonavam os roedores mortos em busca de nova oferta sanguínea e se fixavam nas roupas dos seres humanos.
A bactéria se multiplicava e obstruía o intestino da pulga, quando sugava o sangue humano, o líquido regurgitava e voltava para o homem com ainda mais bactérias; a pulga continuava com fome, atacava o homem com maior frequência e a peste negra se espalhava com maior velocidade.
No período da nossa colonização, os índios foram contaminados por diversos microorganismos trazidos pelos portugueses e franceses durante o processo de escambo, de levar o pau-brasil e deixar bugigangas. Estudos sobre a baía de Cabo Frio, uma das maiores regiões de escambo do pau-brasil, estimam que cerca de trezentas embarcações atracaram, levando a nossa riqueza vegetal e deixando os micróbios para a mortalidade indígena pelas epidemias.
As doenças sempre proporcionaram mais sofrimentos com as populações mais vulneráveis econômica e socialmente. Passamos por diversas epidemias, endemias e pandemias, como por exemplo, a da gripe espanhola, que ocorreu e 1918 e 1919, matando 50 milhões de pessoas; mesmo assim continuamos despreparados.
A Covid-19, infelizmente, não será a última das pandemias. Por isso precisamos nos organizar, já que a doença mostrou as falhas na nossa relação com a economia, com a política, com o ambiente e entre nós mesmos. Temos conhecimentos e tecnologias para lidar com os flagelos humanitários, o que precisamos é abordá-los de maneira responsável para resolvê-los.