Estamos exatamente na semana de encerramento da 20ª FENEARTE. Milhares de expositores de 21 países expõem o que há de mais genuíno e singular na arte e no artesanato, reafirmando, a cada edição, a força que o mercado detém movimentando cifras consideráveis.
O grande responsável por toda essa convergência e sucesso do segmento possui nome e sobrenome: Vitalino Pereira – O Mestre Vitalino que de forma singela e totalmente despretensiosa introduziu a arte popular e o artesanato utilitário nos nichos de arte onde até então só se admitia a arte dita “acadêmica” ou “erudita”.
Vitalino criou uma galeria de temas que soma mais de uma centena, e suas criações ganharam tal notoriedade ao ponto de elevá-lo à condição de maior expressão da arte popular do Brasil e, ouso afirmar sem titubeios, do mundo inteiro.
Dentre as peças de sua lavra, nenhuma outra alcançou tanta notoriedade quanto o seu famoso boi. Presente no cotidiano e também no imaginário coletivo, a figura do boi sempre esteve intrinsecamente ligada ao homem, onipresente na vida brasileira, no trabalho, no lazer, na gastronomia, nos folguedos.
O boi que Vitalino retratou é digno de compêndio. Boi robusto, imperioso, transmite uma força incomum, de perfil, lembra uma peça de design requintadíssimo, quase aerodinâmica, com destaque para o seu magistral dorso ou cupim.
Foi representado de diversas formas, como a vaquejada; corrida de mourão; o curral, dentre outras, mas, nenhuma delas suplanta a versão clássica do boi solitário que desafia a tudo e a todos, mesmo estático, com as patas fincadas, evocando força bruta e virilidade, mas com uma expressão de doçura infantil.
O boi de Vitalino é um patrimônio nacional por sua simbologia e por ter a capacidade de sintetizar a alma de um povo e tão bem representá-lo em todo o mundo.