sábado, 7 de setembro de 2024

Análise parcial da reforma da previdência aprovada

Há dois anos atrás existiam poucas esperança de que uma reforma na previdência seria possível. Pois o que acostumou-se a ver era uma forte pressão dos sindicatos e da opinião pública dominante. Países com maior grau de racionalidade econômica e política presenciaram dias difíceis com esse tema em pauta.

Eis que o Brasil surpreende, além de uma aprovação larga em número de votos, com potencial fiscal de mais de R$ 900 bilhões. Idade mínima e tempo de contribuição estão no alicerce principal da reforma, e pode–se afirmar que mantiveram-se estabelecidos durante todo debate e aprovação em primeiro turno.

Do ponto de vista econômico a reforma aprovada é bem questionável, com o lobby de algumas classes do serviço público vencendo, mitigando os efeitos positivos sobre a desigualdade – como explica estudos do IPEA. Esse lobby, especificamente custou na proposta da reforma uma perda de cerca de 45%. Ou seja, do potencial inicial da proposta (R$ 1,2 trilhões), perdeu-se boa parte em razão de privilégios concedidos aos servidores federais.

Porém não é pelo debate econômico que a reforma da previdência caminha agora. O espectro é político. Dentro do que se considera de ‘Real Política’, ou melhor, aquilo que é possível realizar dentro das divergências e assimetrias da democracia. Nesse sentido, a reforma sai imponente, por aceitar modificações que de fato tem efeitos sobre os mais vulneráveis, é o caso do BPC, trabalhadores rurais, entre outros pontos. Ao mesmo tempo que se inclui regras e maior atento para fraudes comuns dentro do sistema.

Como já dito anteriormente, houve danos com lobbies de categorias mais organizadas. Principalmente quando se compara essas categorias há outras do regime geral. Para ser específico, qual a diferença entre um pedreiro, um professor, um policial e um servidor federal?

Entretanto houve ganhos sociais significativos. Sabe-se que a causa real da desigualdade salarial entre homens e mulheres é o peso maior sobre as mulheres mães. Neste sentido, é interessante uma regra que corrige os efeitos negativos. Com menor idade mínima de 62 e 15 anos de contribuição, 100% do benefício após 35 anos de contribuição (INSS). 

Algumas alterações podiam ter ocorrido caso tivéssemos uma oposição política mais qualificada, que atacasse falhas reais da proposta e destaca-se sugestões significativas. Contudo, para não generalizar, deputados e deputadas de partidos contrários a reforma enfrentaram o desafio de apoiar a reforma e sugerir algumas dessas modificações explicadas anteriormente. 

Por fim, mesmo ainda em trâmite no congresso e senado, cabe afirmar que a previdência  é uma vitória política e econômica. E para contrapor outro artigo meu aqui nessa coluna – Reforma da Previdência: Árdua, justa e necessária – a reforma aprovada diminui efeitos sobre os mais pobres, perde e equilíbrio e igualdade social, e atinge fortemente a meta fiscal desejável. 

 

COLUNA ESPLANADA

Brasília, Sexta-feira,  12 de Julho de 2019 – nº 2.542

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Os evangélicos

Três nomes orbitam os corredores do terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente Jair Bolsonaro, quando o assunto é a futura indicação de um “terrivelmente evangélico” para uma das vagas do Supremo Tribunal Federal que será aberta durante o mandato do chefe da nação: O Advogado-Geral da União, André Mendonça, o juiz federal William Douglas Resinente, do Rio de Janeiro, e – corre por fora – o procurador regional da República Guilherme Schelb.

Amém

O AGU André Mendonça só falta andar com a Bíblia debaixo do braço quando visita o Planalto, dizem fontes. Já Schelb pode surgir como azarão nessa corrida.

Ex-padrinho

O juiz William Douglas, com vasto currículo, é conhecido de Bolsonaro. Visitava muito o Senado, em especial o gabinete de Magno Malta. o quase-ministro do presidente, que se afastou..

Poeira baixa

Os ventos do Planalto sopram que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, teria um plano B: deixar o Governo em alguns meses, ir dar aulas nos EUA e voltar indicado ao STF.

Trump aprova

Essa dica do presidente Bolsonaro de que o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), pode ser indicado embaixador do Brasil nos Estados Unidos, tem aval de Donald Trump. Foi o presidente americano, aliás, quem barrou o chanceler Ernesto Araújo na reunião na Casa Branca, e pediu que Eduardo representasse o Brasil.

Ôh, de casa

Eduardo tornou-se amigo de Trump ainda na campanha de 2018, quando o marqueteiro do presidente americano os apresentou. Em março  deste ano, como a Coluna revelou, o deputado federal jantou por mais de 3 horas com Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, a residência de passeio do presidente nos Estados Unidos.

 

 Veterano balança

Quem pode dançar nessa história é o veterano embaixador Sérgio Amaral, benquisto no Itamaraty e também no círculo americano, que hoje ocupa o cargo em Washington. Amaral não tem reclamações do MRE e do Governo. Mas pesa contra ele, nos bastidores, ser muito amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – que não bate com Bolsonaro, e vice-versa.

Quem te viu..

Quando era deputado federal, o hoje presidente Bolsonaro se posicionava como um dos parlamentares mais críticos da Câmara às emendas liberadas às vésperas da votação de matérias de interesse do Planalto. Agora, pela aprovação da Reforma da Previdência, o seu Governo agraciou os parlamentares com mais de R$ 2,5 bilhões em emendas.

..quem te vê

Foram priorizados parlamentares do Centrão (PL, SD, DEM, PRB, Progressistas, Podemos etc). Em 2011, quando concorreu à presidência da Câmara, ainda pelo PP, o então deputado Bolsonaro bradou que “o Governo só libera as emendas individuais caso os parlamentares votem algo que não é muito republicano”. E pregava: “Vamos tirar da escravidão que nós vivemos no Executivo”.

João Gilberto

João Marcelo Gilberto, filho do Papa da Bossa Nova com a cantora Astrud Gilberto, criticou o presidente Bolsonaro por não ter decretado luto oficial pela morte do pai.

Paulo Henrique

O jornalista Paulo Henrique Amorim deixou em seus arquivos, em casa, entrevistas inéditas com o ex-presidente Lula da Silva e José Dirceu, que serão reveladas em breve pela família. Lula mandou mensagem de pêsames para Geórgia, a viúva do jornalista.

Rio respira

Uma prova de que o Rio de Janeiro, em tempos de crise, é ainda foco de investidores. O 55 Rio Copacabana Hotel, na praia, foi todo reformado e tornou-se referência para estrangeiros. É do mesmo grupo que administrou e deu um up no 55 Rio Lapa – que passou para as mãos de um grupo israelense a peso de ouro.

 

Cartilha orienta pais sobre transporte correto de crianças em veículos

O Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançam na próxima semana uma cartilha para ajudar pais e responsáveis a colocar crianças no carro de maneira correta, sem prejuízos à saúde.

Segundo a cartilha, crianças devem sempre que possível ser transportadas no banco traseiro dos veículos automotores e preferencialmente ocupar a posição central nesse banco. Caso o veículo não tenha cinto de três pontos na posição central do banco traseiro, o dispositivo de retenção infantil deverá ser instalado nas posições do banco de trás onde houver esse cinto. O airbag do passageiro deverá ser desativado quando o veículo transportar crianças no banco da frente.

“Esses equipamentos foram projetados para dar mais segurança aos usuários em casos de colisão ou de desaceleração repentina. Conforme mostram os números, eles têm sido fundamentais para salvar milhares de vidas ao longo destes anos”, diz o primeiro vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro.

A cartilha conta com orientações do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo Antônio Meira Júnior, diretor da Abramet e um dos idealizadores do livreto, os médicos são profissionais fundamentais para recomendar a forma apropriada de conduzir uma criança em um veículo.

A cartilha completa pode ser consultada na internet.

Por Agência Brasil*

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Câmara aprova mudanças em regras de pensão e para mulheres

Depois de três horas de debate, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou há pouco uma proposta que aumenta a aposentadoria de trabalhadoras da iniciativa privada e permite o recebimento de pensão por morte em valor inferior a um salário mínimo. De autoria da bancada do Democratas, a emenda foi aprovada por 344 votos a 132, com 15 abstenções.

A aprovação só foi possível por causa de um acordo entre líderes e o governo. O texto-base tinha um trecho que permitiria ao pensionista receber menos de um salário mínimo se alguém na família tivesse outra fonte de renda. Agora, a renda que contará para o cálculo da pensão será apenas do viúvo ou da viúva. Caso o pensionista tenha um salário formal, receberá apenas 60% do salário médio do cônjuge falecido, mas, se perder a renda e cair na informalidade, a pensão automaticamente subirá para um salário mínimo.

De acordo com o Secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, a pasta editará uma portaria para tornar automático o valor de um salário mínimo de pensão, caso o viúvo perca o emprego. Hoje, o pensionista precisa comprovar a perda da fonte de renda. Ele também disse que posteriormente pretende enviar um projeto de lei complementar para viabilizar o acordo.

Trabalhadoras

A emenda também cumpriu o acordo anunciado ontem (10) de aumentar a aposentadoria das mulheres da iniciativa privada. O benefício subirá dois pontos percentuais por ano a partir do 16º ano de contribuição exigidos para as trabalhadoras do Regime Geral de Previdência Social. O texto principal previa aumento somente a partir do 21º ano.

Foi reincluído na reforma um ponto retirado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP) antes da votação na comissão especial. As ações judiciais contra a Previdência poderão ser julgadas na Justiça estadual caso o domicílio do segurado não tenha Vara Federal. A emenda retomou a redação na Constituição sobre atendimento à proteção à maternidade pela Previdência Social. O texto-base usava a expressão “salário-maternidade”.

Com a aprovação da emenda do Democratas, dois destaques e três emendas aglutinativas ficaram prejudicadas e não serão mais votados.

Intermitentes

O Plenário também rejeitou há pouco um destaque do PSB que pretendia retirar do texto dispositivo que prevê que somente serão consideradas, na contagem de tempo para a aposentadoria, contribuições iguais ou superiores ao salário mínimo mensal exigido para determinada categoria.

De acordo com o PSB, esse trecho prejudicaria os trabalhadores intermitentes e safristas, ao permitir que o valor da contribuição mínima fosse definido fora da Constituição, com contribuições abaixo do piso não sendo contabilizadas. Na semana passada, a comissão especial havia derrubado o destaque.

A discussão dos destaques começou por volta das 17h30 e só vai terminar de madrugada. Os deputados ainda têm 13 destaques e emendas para votar.

Por Wellton Máximo e Heloísa Cristaldo – Repórteres da Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

ARTIGO — A quem interessa aumentar a desigualdade?

O Brasil discute uma reforma da previdência que tende a aumentar desigualdades, embora sua propaganda aluda ao combate de privilégios. O país também se prepara para debater uma reforma tributária de modo independente da previdência. Se a redução das desigualdades fosse finalidade das reformas, as mudanças na previdência deveriam ser outras. Em ambas as reformas deveriam ser debatidas conjuntamente.

A reforma da previdência proposta aumenta muito a desigualdade de acesso à aposentadoria. Muitos brasileiros pobres começam a trabalhar muito cedo, mas não conseguem contribuir pelos 20 anos exigidos para obter a aposentadoria parcial, para não falar dos 40 anos para a aposentadoria integral.

Nas regras atuais, a primeira alternativa para aposentadoria é somar um tempo mínimo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 para homens) com sua idade para alcançar um período de 86 anos para mulheres e 96 para homens, que aumentará  a cada dois anos até chegar à soma 90/100 em 2027. A segunda opção é alcançar a idade mínima de 60 anos para as mulheres e 65 para homens, com pelo menos 15 anos de contribuição. A desvantagem é o desconto do valor da aposentadoria pelo “fator previdenciária” que varia com a idade, o tempo de contribuição e a expectativa de sobrevida.

A proposta atual elimina a primeira opção. Aumenta a idade mínima feminina para 62 anos (com os mesmos 15 anos de contribuição) e mantem 65 anos para homens, mas exige 20 anos de contribuição) e aumenta o desconto da aposentadoria parcial ( entre 20 e 39 anos de contribuição).

O problema é que os cidadãos que só conseguem se aposentar hoje por idade são trabalhadores precários que estão longe de alcançar o tempo de contribuição exigido nas novas regras: 56,6% dos homens e 74,82% das mulheres não alcançam. Em média, os homens só conseguem contribuir 5,1 vezes por ano, e as mulheres 4,7 vezes, segundo estudo de Denise Gentil (UFRJ) e Claudio Puty (UFPA) para a Anfip.

Se precisarem contribuir mais 60 meses, supondo que continuem empregados e consigam contribuir no mesmo ritmo na velhice ( o que é uma proposição absurda), a idade mínima real de aposentadoria parcial seria 74,8 anos para mulheres e 76,8 para homens, na média. Na prática, milhões não chegariam a se aposentar ou, com “sorte”, seriam transferidos para a assistência social, mas suas contribuições não seriam nem devolvidas.

Como são trabalhadores em empregos precários, aumentar seu tempo de contribuição não significa combater privilégios, mas aumentar a desigualdade. Significa retirar recursos de muitos trabalhadores pobres e vulneráveis que não conseguirão se aposentar.

De nada adianta reduzir a alíquota mensal de contribuição para os pobres se a contribuição se alonga por mais 60 meses e, no fim, nem garante a aposentadoria. O incentivo é para que não contribuam, o que coloca em risco até o pagamento das atuais aposentadorias.

O risco ao sistema advém igualmente do fim da contribuição fiscal dos empregadores, como a Cofins e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com o PIS-Pasep, somam cerca de metade das receitas da Seguridade Social.

A proposta atual retira as contribuições fiscais do financiamento das aposentadorias (mantendo-as na Seguridade). O financiamento tripartite da aposentadoria acabaria,  no sentido em que a reforma deixaria apenas o contrato de trabalho formalizado entre o trabalhador e seu empregador como fonte de recursos (através da contribuição previdenciária sobre a folha salarial).

Isto tudo provavelmente já inviabilizaria o sistema, mas para completar o governo Bolsonaro promete reforma tributária que libera o empregador de contribuir para a Previdência com uma percentagem da folha salarial, além de abolir a Confins e a CSLL.

Em um país tão desigual, deixar apenas os trabalhadores e, a depender da reforma tributária, talvez os empresários como responsáveis por um sistema contributivo de aposentadoria é condená-lo, especialmente nas circunstâncias atuais. A crise e o desemprego levaram 6,2 milhões de trabalhadores e milhares de empresas a deixarem de contribuir para o sistema, contraindo as receitas em cerca de R$ 230 bilhões entre 2014 e 2017 em termos reais.

Para completar, o desvio das contribuições sociais da Seguridade Social para o Tesouro aumentou de 20% para 30% em 2016, saltando da média de R$ 63,4 bilhões entre 2013-2015 para nada menos que R$ 113 bilhões em 2017.

Foi a crise econômica que contribuiu para o déficit, e não o contrário. Quando a crise for superada, porém, não é provável que as receitas se recuperem o suficiente caso o emprego do futuro venha sem contribuição empresarial sobre a folha salarial.

Se, como hoje, a solução proposta para a insuficiência de receitas no futuro for elevar de novo a idade mínima, a alíquota média e o tempo de contribuição, qual segurança jurídica terão os trabalhadores para serem incentivados a contribuir para a previdência pública mesmo que tenham empregos estáveis?

Em suma, trabalhadores com emprego e renda precários não terão capacidade de alcançar o tempo de contribuição requerido para se aposentar, enquanto trabalhadores com emprego estável e maior renda não terão incentivos para contribuir para um sistema insustentável.

É por isso que, se o objetivo for realmente combater privilégio e reduzir desigualdades, a proposta deveria, primeiro, explicar em detalhes as projeções atuariais e demográficas que justificam atrasar e até inviabilizar a aposentadoria de milhões de brasileiros pobres.

Segundo, deveria focar no topo do funcionalismo público. Terceiro, a reforma previdenciária deve ser necessariamente complementada pela reforma tributária, mantendo o financiamento tripartite da Previdência, mas combatendo os privilégios na tributação. Afinal, o Brasil parece um paraíso fiscal para detentores de capital e para a elite de profissionais de alta renda.

Ainda é tempo de debater com honestidade como combater privilégios e reduzir desigualdades. Porém, levar adiante a reforma da previdência nos termos atuais tornaria o Brasil um exemplo mundial de como destruir um sistema solidário de previdência e aumentar a desigualdade.

Thomas Piketty é diretor da I´Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales (EHESS) e professor da Paris School of Economics (PSE).

Marc Morgan e Amory Gethin são pesquisadores do World Inequality Lab da PSE.

Pedro Paulo Zahluth Bastos é professor do IE-Unicamp e pesquisador do Cecon-Unicamp

Vitalino: Ícone faz 110 anos

Estamos exatamente na semana de encerramento da 20ª FENEARTE. Milhares de expositores de 21 países expõem o que há de mais genuíno e singular na arte e no artesanato, reafirmando, a cada edição, a força que o mercado detém movimentando cifras consideráveis.

O grande responsável por toda essa convergência e sucesso do segmento possui nome e sobrenome: Vitalino Pereira – O Mestre Vitalino que de forma singela e totalmente despretensiosa introduziu a arte popular e o artesanato utilitário nos nichos de arte onde até então só se admitia a arte dita “acadêmica” ou “erudita”.

Vitalino criou uma galeria de temas que soma mais de uma centena, e suas criações ganharam tal notoriedade ao ponto de elevá-lo à condição de maior expressão da arte popular do Brasil e, ouso afirmar sem titubeios, do mundo inteiro.

Dentre as peças de sua lavra, nenhuma outra alcançou tanta notoriedade quanto o seu famoso boi. Presente no cotidiano e também no imaginário coletivo, a figura do boi sempre esteve intrinsecamente ligada ao homem, onipresente na vida brasileira, no trabalho, no lazer, na gastronomia, nos folguedos.

O boi que Vitalino retratou é digno de compêndio. Boi robusto, imperioso, transmite uma força incomum, de perfil, lembra uma peça de design requintadíssimo, quase aerodinâmica, com destaque para o seu magistral dorso ou cupim.

Foi representado de diversas formas, como a vaquejada; corrida de mourão; o curral, dentre outras, mas, nenhuma delas suplanta a versão clássica do boi solitário que desafia a tudo e a todos, mesmo estático, com as patas fincadas, evocando força bruta e virilidade, mas com uma expressão de doçura infantil.

O boi de Vitalino é um patrimônio nacional por sua simbologia e por ter a capacidade de sintetizar a alma de um povo e tão bem representá-lo em todo o mundo.

Caruaru recebe ação para testagem de infecções sexualmente transmissíveis

Neste mês de julho, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), por meio do Programa Estadual de IST/Aids/Hepatites Virais, tem percorrido municípios do Estado para ofertar testagem rápida para detecção de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Após passar pelo Sertão (Petrolina, Ouricuri, Salgueiro e Serra Talhada) e Zona da Mata (Limoeiro e Palmares), o ônibus do projeto Prevenção para Tod@s chega à cidade de Caruaru, no Agreste, nesta sexta-feira (12.07), levando testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C para. A ação será das 9h às 15h na Praça do Marco Zero, com capacidade para acolher 100 pessoas.

O atendimento dura, em média, 30 minutos, tempo pra fazer a testagem e para o aconselhamento sobre práticas sexuais saudáveis. Em caso positivo, o paciente é encaminhado para a rede de assistência. Importante ressaltar que todo o processo garante o sigilo do atendimento. No local, ainda serão entregues camisinhas e sachês de gel lubrificante.

Na segunda quinzena deste mês, a ação estará no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em Garanhuns, além de Goiana e Recife. O projeto Prevenção para Tod@s é uma ação da SES-PE em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Entre janeiro e abril, a testagem foi levada para 21 municípios pernambucanos, beneficiando 1.995 usuários. Desse total, 11 tiveram resultados positivos para HIV, 189 para sífilis, 03 para hepatite B e 02 para hepatite C.

JORNADA – Além da testagem rápida das infecções sexualmente transmissíveis, a SES-PE fará uma Jornada de Hepatites Virais em todos os municípios visitados. O objetivo é capacitar os profissionais da Atenção Primária sobre o manejo clínico do paciente com hepatite, além de oficina sobre aconselhamento. A Jornada já faz parte da celebração do Dia Mundial de Luta contra as Hepatites, em 28 de julho.

DADOS

HEPATITE A – Em 2014, quando foi disponibilizada vacina contra a doença no SUS, Pernambuco confirmou 473 casos da enfermidade. Em 2016, o número caiu para foram 26. Em 2017 foram 22 e em 2018, 19.

HEPATITE B – Em 2016, Pernambuco confirmou 201 casos de hepatite B. Em 2017 foram 190 e em 2018, 217.

HEPATITE C – Em 2016, foram confirmados 205 casos da doença em Pernambuco. Em 2017 foram 235 e em 2018, 198.

Comissão do Senado aprova meia-entrada para doadores de sangue

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou nesta quarta-feira (10) um projeto que concede meia-entrada em espetáculos artístico-culturais e esportivos para os doadores regulares de sangue. Por tramitar em caráter terminativo, o texto segue direto para a Câmara dos Deputados caso não haja recurso para votação no plenário.

De autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o texto prevê que o critério para a concessão é a periodicidade mínima de três doações em um período de 12 meses. O benefício será concedido por meio de uma carteirinha feita por hospital, clínica, laboratório ou qualquer outra entidade autorizada para a coleta de sangue, a qual deve ser apresentada junto com documento de identidade.

Ao justificar a medida, Contarato afirmou que mesmo o Ministério da Saúde realizando campanhas anuais para incentivar a doação de sangue, um levantamento da pasta demonstrou, em 2016, que apenas 1,6% da população brasileira aderiu a essa prática.

“Esse percentual está abaixo de parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de engajamento de ao menos 4% da população de um país nesse tipo de doação. A escassez é então um grande problema para os bancos de sangue do país, visto que a doação é essencial para a saúde pública”, ressaltou o parlamentar.

Segundo Fabiano Contarato, estados do Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná já concedem o benefício proposto. Outros utilizam a doação regular como critério, por exemplo, para a isenção de taxa de inscrição em concursos públicos.

“Por compreender que a doação de sangue é medida crucial para a saúde pública, acredito que o Estado deve sempre buscar os mais variados incentivos para o ato, haja vista que o bem jurídico que aqui se busca promover, a vida, é o mais importante de todos”, ressaltou o senador na justificativa do projeto.

Por Heloisa Cristaldo – Repórter da Agência Brasil
Foto: Arquivo Agência Brasil

Safra de grãos deve fechar 2019 com alta de 4,2%, estima IBGE

A estimativa é do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado em junho e divulgado hoje (11),  no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A estimativa de junho prevê uma safra 4,2% maior  que a obtida em 2018, ou seja, um acréscimo de 9,5 milhões de toneladas na produção. Em relação à estimativa realizada em maio deste ano, houve um crescimento de 0,6%, ou seja, 1,3 milhão de toneladas a mais do que o previsto naquele mês.

A estimativa de área a ser colhida é de 62,8 milhões de hectares, 3% maior do que a de 2018 e 0,3% maior que a prevista em maio.

Das três principais lavouras de grãos, apenas o milho deverá ter crescimento na produção neste ano em relação a 2018 (17,1%). Para a soja, é esperada uma queda de 4,5%. Já para o arroz, deve haver uma redução de 11,2%.

Entre as outras lavouras com produção prevista de mais de um milhão de toneladas, deverão fechar o ano com alta o feijão (1,7%), o algodão (31,5%), o sorgo (11,2%) e o trigo (14,5%).

Outros produtos

O levantamento também abrange a produção de outros produtos agrícolas importantes, além dos cereais, leguminosas e oleaginosas.

A cana-de-açúcar, por exemplo, principal lavoura brasileira deverá fechar o ano com uma produção de 665 milhões de toneladas, ou 1,4% a menos do que em 2018.

Também deverão ter queda na produção o café (-12,2%), a laranja (-1,2%), o tomate (-5,3%) e a uva (-10,8%). E devem ter alta a banana (3%), a batata-inglesa (1%) e a mandioca (4,2%).

Por Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil
Foto: Arquivo Agência Brasil

COLUNA ESPLANADA

Brasília, Quinta-feira,  11 de Julho de 2019 – nº 2.541

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Tributária, nova tentativa                         

Em paralelo à discussão da Reforma da Previdência, Senado e Câmara vão tentar destravar a Reforma Tributária que se arrasta no Congresso há mais de 15 anos. Foi instalada a comissão especial que vai analisar o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 45/19) que já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara em maio. A proposta acaba com três tributos federais – IPI, PIS e Cofins. Extingue também o ICMS, que é estadual, e o ISS, municipal. Num pacote amplo, o contexto será a tentativa de tributar mais o lucro e a renda, e menos a produção.

Resultados

A equação é simples: quanto menos tributos sobre a produção, mais baratos mercadoria e serviços, mais renda e comércio, e menos inflação. É assim nos países ricos.

Emendão

No Senado, os líderes dos partidos entraram em acordo e também vão apresentar uma proposta de emenda à PEC. Os interesses estaduais são variados, e muitos conflitantes.

Boton ostentação

Parlamentares retiraram dos paletós e tailleur o boton tão usado como abre-portas e ostentação de mandatos. Nas ruas e aviões, nem pensar. Medo de vaia e xingamento.

Rasante..

O vice-governador do Distrito Federal, Paco Britto (Avante), voa baixo em céus turbulentos. Está com 30% do salário bloqueado por decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ele não honrou pagamentos de uma parcela de R$ 200 mil, anos atrás, na compra de um avião bimotor modelo Embraer, num negócio em Belo Horizonte.

..no salário

A dívida de Paco Brito já ultrapassa os R$ 600 mil. Por ora, a decisão da Justiça abocanha apenas parte do salário. Mas os dois empresários ex-donos da aeronave – que está num hangar no interior mineiro – querem cercar os bens. Na negociação da compra, Paco chegou até a entregar uma Porsche Cayenne. A defesa do político recorreu ao STJ e STF, sem sucesso. O processo é o de nº 0754600-25.2017.8.13.0024.

 

Olha o decoro!

Servidoras públicas que protestavam contra a Reforma da Previdência perto do plenário, na terça, ficaram ruborizadas com a reação do deputado Alexandre Frota (PSL-SP). O ex-ator pornô estendeu o dedo do meio duas vezes para o grupo feminino. Se denunciado, pode responder por falta de decoro.

SPA de Pinhais

O ex-ministro José Dirceu emagreceu três quilos desde que voltou para a prisão, no Complexo Penal de Pinhais, em Curitiba. E escreve o segundo volume das memórias.

Novo cerco

O PT vai insistir – de novo – na convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, após a revelação de novas supostas mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato à época em que era juiz responsável pelos processos da operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Lula da Silva para a cadeia.

Papéis  

A ofensiva petista se concentra na Comissão do Trabalho da Câmara, onde o deputado Rogério Correia (PT-MG) protocolou requerimento de convocação sob o argumento de que, “nas mensagens que estão vindo à tona o então juiz Moro foi muito além do papel”

Esfera política

O PDT divulgou nota oficial de apoio, e extra-oficialmente ofereceu assistência jurídica ao jornalista americano Glenn Greenwald, do The Intercept, que revelou supostas conversas de Moro com Deltan Dallagnol.

Cultura é isso aí

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) selecionou 99 projetos (dentre 323 inscritos) de todas as regiões do Brasil para a fase final do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Reconhece ações de preservação do patrimônio cultural. Resultado sai 5 de setembro e as oito ações finalistas receberão, cada uma, R$ 30 mil.

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